terça-feira, 26 de abril de 2011

E então?

E então?
Vida entrelaçada com o que
De melhor existe nela.
Heróis por irmãos,
Heróis por vida completa.

E as perguntas que ficam são vazias
Acontece que ele quis assim,
Ou não.

As respostas estão na ponta do nariz
E vocês, tolos, ignoram.

Cerveja, sexo, esperança em algo
Que ainda não se sabia a direção,
Mas estava ali.

Erros, por mais pífios que fossem,
Eram acertos diminutos para aquilo que
Conhece-se por vida.

Como eu queria que você estivesse aqui
E dividisse comigo essa cerveja,
Gelada ou quente, isso não importa.
Mas o tempo e a ingratidão dele foram
Contrários ao que se imagina de tempo.

Hey você, que ignora a presença
De algo que sempre sentiu, e
Com freqüência exata, ignore também
Os fatos.
Assim soa mais fácil.

Ele sempre esteve ali, do seu lado
E por conseqüência do tempo, ou
De sua total ignorância humana,
As idéias fundiram-se de maneira controversa.

Esqueça as falhas.
Esqueça o tempo.
Esqueça os heróis.
Ainda há um certo tempo, mesmo que incongruente.
Ainda há saudade e, como que por vontade,
Ainda existem as lembranças e a esperança.

Se foi, mas ainda acendemos um
Para relembrar, enquanto esse
Pink Floyd atordoa o que resta de juízo
Em nós.

Para Lucas, com eterna saudade.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dois poemas que podem mudar sua vida.

PRESSA

Pressão
Engolidos como dinossauros
Subservientes ao tempo
Ao relógio com apenas dois ponteiros
Que giram com calma,
Lentos.

Aprisionados dia pós dia pelo tempo
Segundo pós segundo pelo tempo
Como partículas que somos
Como o ar que somos
Como o amor que não temos
Como o fervor ensurdecedor que possuímos
Como nada, ou tudo que trazemos e somos

Daí você me pergunta, ou se pergunta
Porque todos correm
E porque necessitam correr.
Todos correm por seus dinheiros,
Suas esposas e filhos
E para suas escolas,
Faculdades, trabalhos,
Correm até no sexo.

Quando a vida lhe ensina
Você já está velho demais, amigo
E so o que quer é descançar,
Ou morrer, como bem entender.
Quer passar os dias em suas camas
Quentes e confortáveis e solitarias
Tanto quanto foi sua vida.

Tudo que você precisa é sair agora
Tomar alguns bons goles de alguma boa bebida
Fazer sexo sujo, com quem quiser ou puder
Xingue e seja xingado, bata e apanhe
Quebre algo na rua.
VIVA.

‘Todo homem morre, mas nem todo homem vive’

Branca como um grão

Branca como um grão de açucar
rebola aquele rabo branco e lindo
e bem vestido em saias curtas e
encanta cada centimentro de homem
que encontra.

Aquela mulher com seus cabelos ruivos
e aquela bolsa D.G pendurada e velha
que comprou na liquidação
depois de um programa, sabe como agradar
um cara de bom gosto,
mesmo que com pouco dinheiro, ou bebida.

Ao norte daquela rabo uma boceta
de mulher verdadeira, com problemas e
preocupações e filhos e ex amantes
que ainda a procuram para um casual
enquanto ela alimenta seus devaneios
e aquele cachorro que cria nos fundos
da casa velha.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Poema para aquela velha desilusão.

Esse avião que sobe
Em direção a algum lugar
É como meu peito cheio de coração
Ele some no nevoeiro
Assim como meu peito
Na fumaça do cigarro.

E você me pergunta
Quando é que eu vou te ver.

Essa mulher que me questiona
E me manda mensagens de carinho
Bem, ela podia se interessar
Por alguém melhor
Do que
Eu.

Mas ela insiste e
Eu não a culpo.

Compreendo toda sua sensibilidade
E a vontade de ter alguém
Que possa dizer boas coisas
Do tipo que se diz quando
É necessário.

E ela me pergunta
Se eu sou capaz de escrever
Um poema de amor.
“Diabos, e porque não?

Arrume algumas cervejas
Um lápis, ou caneta,
Um pedaço de papel
E um beijo daqueles
E então terá o seu poema de amor.

Não dos melhores,
Mas suficientemente bom
Para alguém.”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Essa mulher.

Essa Mulher.

Essa mulher que me
escreve e eu escrevo pra ela,
me conta o que se passa
em sua vida.

Me conta em riqueza os
detalhes do sexo,
da discussão, da receita,
dos filhos e do que bebe
e escreve.

Essa mulher me manda
todas as vezes, o seu número
de telefone, mas eu nunca
ligo para ela.

Mandei meu número,
na ultima carta, sem esperança.
Então:
"Alô?"
"Ei, é você?"
"Sim, infelizmente."
"Os garotos acabam de
quebrar a janela da frente
e eu trepei com dois
ontem a noite."
"Que bom. Adeus."
"Beijos em você, baby."

A conta do telefone dela
nunca mais vai
ser a mesma
depois dessa
ligação.

Um poema para ser esquecido.

Fiz um poema para ser
esquecido
sobre as flores sobre
a mesa.

Flores que ela
ganhou daquele outro cara.
E isso me incomoda
pouco.
Não por serem dadas por ele ..


Banalidades a parte.
As flores estão lá.
São reais.
E eu me pergunto:
Serei eu real?
Para mim ou
Para ela?
E porque diabos vim parar
aqui esta noite,
nesta cama,
nesta mesma vida?

Antes mesmo de se despedir.

Até pensei que mudar-se ajudaria.
Em vão.
Mudei-me e ela ainda me persegue.

Não tem nada em seu peito.
A caixa toraxica vazia, como vacuo.
Deve ter depositado o que se chama coração
em uma dessas caixas de papel que se embrulha com celofane.

"Porque me persegue?" questionei-a.
"Voce é um cara interessante e eu gosto de caras assim".
"E porque não pede logo que eu a coma?".
"Voce não seria capaz", disse ela,"Sou uma brasa".

Então mandei que fosse embora e terminei.

Existe razao para que se viva com frequencia?
A razao não sei, mas motivos podem ser encontrados
em pequenas coisas. Perseguiçoes, carros quebrados,
fotografias recortadas, aneis de formatura, iscas, molas,
tambores de percussão, no amor.

"Voce é o primeiro que vejo que é alguem hoje".
Que merda, persegue-me.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Naquela Mesa - Nelson Gonçalves

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor

Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

Para Lucas, com saudade.